domingo, fevereiro 17, 2008

A EXECUÇÃO

Eis uma passagem fabulosa do Ulisses de James Joyce em que o autor relata a execução de um condenado à morte. O parágrafo final, a fala do tenente-coronel Tomkin-Maxwell ffrenchmullan Tomlison, tem a marca inconfundível e inimitável de Joyce ― o que mais terá contribuído para a proibição do livro, na época, inclusive nos Estados Unidos.

― Pura pornografia ― dizia-se então.



«Calmamente, desafectadamente, Rumbold subiu os degraus do cadafalso em impecável traje matinal e levando sua flor favorita, o Gladiolus Cruentus. Ele anunciou sua presença por aquela gentil tosse que tantos têm tentado (mal-sucedidamente) imitar — curta, meticulosa mas ademais tão característica do homem. A chegada do mundifamoso carrasco foi saudada por um bramar de aclamações da enorme concorrência, as senhoras vice-reais ondulando seus lenços na excitação enquanto os ainda mais excitáveis delegados estrangeiros vivavam vociferamente numa miscelânea de gritos, hoch, banzai, eljen, zivio, chinchin, polla kronia, hiphip, vive, Allah, em meio dos quais os tintineantes evviva do delegado da terra do canto (em duplo fá agudo que lembrava aquelas penetrantes notas adoráveis com que o eunuco Catalani enfeitiçara nossas tetravós) eram facilmente distinguíveis. Eram exactamente as dezassete horas. O sinal da prece foi então prontamente dado por megafone e num instante todas as cabeças se desnudaram, sendo o sombrero patriarcal do Commendatore, que estava na posse da sua família desde a revolução de Rienzi, removido por seu consultor médico de serviço, Dr. Pippi. O erudito prelado que administrou as últimas ajudas da sagrada religião ao mártir herói no instante de pagar com a pena capital se ajoelhou em cristianíssimo espírito numa poça de chuva, sua sotaina sobre a cabeça encanecida, e ofereceu ao trono da misericórdia preces ferventes de súplica. Firme ao pé do cepo erguia-se a figura lúgubre do verdugo, seu semblante recoberto por um panelão de dez galões perfurado de duas aberturas circulares pelas quais seus olhos chispeavam furiosamente. No que esperava o sinal fatal experimentou o gume de sua arma hórrida afiando-o no seu musculoso antebraço ou decapitando em rápida sucessão um rebanho de ovelhas que fora fornecido pelos admiradores de seu cruel mas necessário ofício. Numa elegante mesa de mogno perto dele estavam ordenadamente dispostos o cutelo esquartejador, o variado instrumental finamente temperado do estripamento (especialmente suprido pela mundialmente famosa firma de cutelaria, os senhores John Round e Filhos, Sheffield), uma caçarola de terracota para a recepção do duodeno, colon, intestino cego e apêndice etc. ao serem bem-exitosamente extraídos e duas leituras adequadas destinadas a receber o preciosíssimo sangue da preciosíssima vítima. O ucheiro do asilo consolidado de gatos e cães estava presente para apresenar esses recipientes uma vez abastecidos àquela instituição beneficente. Um mui excelente repasto consistente de toicinho e ovos, carne frita e cebolas, feitos à maravilha, deliciosos pãezinhos quentes e chá revigorador, havia sido obsequiosamente fornecido pelas autoridades para consumação da figura central de tragédia que estava em espírito capitoso já que preparado para a morte e que demonstrava o mais genuíno interesse pela pragmática desde o começo até o fim, mas que, com uma abnegação rara nestes nossos tempos, se punha à altura da ocasião e exprimira o desejo mortal (a que se acedeu imediatamente) de que a refeição fosse dividida em partes alíquotas entre os membros doentes e indigentes da associação dos domésticos como penhor de sua consideração e estima. O nec e o non plus ultra da emoção foram atingidos quando a ruborizada noiva eleita rompeu caminho por entre as filas cerradas dos espectadores e se arremessou contra o peito musculoso daquele que se aprestava a ser lançado na eternidade por causa dela. O herói enlaçou a forma esbelta dela num amplexo amorável murmurando ternamente Sheila, minhazinha. Encorajada pelo uso do seu nome de baptismo ela beijou apaixonadamente todas as várias áreas adequadas da pessoa dele que a decência do traje penitenciário permitia ao ardor dela atingir. Ela jurou-lhe no que se mesclavam as salinas correntes de suas lágrimas que ela iria acarinhar sua memória, que ela jamais esqueceria seu jovem herói que se ia para a morte com uma canção nos lábio como se estivesse indo para uma partida de hóquei no parque de Clonturk. Ela trouxe de volta à remembrança dele os felizes dias da infância ditosa juntos nas ribeiras do Anna Liffey quando eles se compraziam em passatempos inocentes de jovens e, descuidosos do temebundo presente, eles ambos riam coroçoadamente, todos os espectadores, inclusive o venerável pastor, juntando-se à garrulice geral. Aquela audiência monstra simplesmente se contorcia de gozo. Mas em pouco eles eram vencidos pela mágoa e se afivelavam as mãos pela última vez. Uma nova torrente de lágrimas irrompia de seus ductos lacrimais e a vasta concorrência de gente, tocada no imo cerne, rompeu em soluços confrangedores, sendo não menos afectado o próprio prebendário ancião. Fortes homens graúdos, oficiais da paz e gigantes afáveis da polícia real irlandesa faziam franco uso de seus lenços e é válido dizer que não havia um olho seco naquela assembleia insuperada. Um incidente romanticíssimo ocorreu quando um elegante jovem graduado de Oxford, notado por seu cavalheirismo para com o belo sexo, galgou à frente e, apresentando seu cartão de visita, seu carné de banco e sua árvore genealógica, solicitou a mão da desventurada jovem senhorita, rogando-lhe que nomeasse o dia, sendo aceito de chofre. Cada senhora da audiência foi presenteada com um souvenir da ocasião de bom gosto na forma de um broche de crânio e ossos cruzados, um acto oportuno e generoso que avocou uma nova irrupção de emoção: e quando o galante jovem oxoniano (portador, diga-se em tempo, de um dos mais sempronrados nomes da história de Albion) colocou no dedo de sua ruborizada fiancée um custoso anel de compromisso com esmeraldas engastadas na forma de um trevo quadrifólio a excitação não conheceu limites. Sim, que até o duro marechal-preboste, tenente-coronel Tomkin-Maxwell ffrenchmullan Tomlison, que presidia à triste ocasião, ele que disparara um considerável número de sipaios da boca de canhão sem titubear, não pôde conter sua natural emoção. Com sua manopla de malha ele removeu uma furtiva lágrima e foi ouvido por acaso por aqueles privilegiados burgueses que acontecia estarem em seu entourage imediato a murmurar de si para si num cicio balbuciante:
— Deus me castigue se não é um pedaço, essa galinha aí dos meus pecados. Me castigue se não me dá uma vontade de ganir, no duro, que dá, só de ver ela e pensar na velha caravela que me espera lá em baixo em Limehouse.»

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

ESCLARECIMENTO

A pedido do Provedor do Ouvinte, a posta logo aqui em baixo, subtitulada POSTA TEMPORÁRIA, que deveria por isso ser removida dentro de 15 dias, ficará no blogue por mais algum tempo na esperança de que isso contribua para o bem da Antena 2.

terça-feira, fevereiro 05, 2008

AO PROVEDOR DO OUVINTE - RTP

POSTA TEMPORÁRIA (Será eliminada no espaço de 15 dias).


Ao Exmo. Provedor do Ouvinte

[...]
Foi então que, num acesso de fúria com a verborreia matinal desenfreada da Antena 2, decidi escrever um email para lá.

E aqui tem em anexo (se tiver paciência para isso) a correspondência por mim trocada com o senhor ou Doutor director-adjunto da Antena 2, João Almeida. Para aquilatar do calibre cultural e profissional daquele senhor.

Mando-lhe esta correspondência porque ela, no meu entender, espelha bem o homem a quem, estou em crer, infelizmente, as suas (de V. Exa.) intervenções como provedor do ouvinte (que muitíssimo tenho apreciado), no meu entender, não demoverá da obstinação em transformar a Antena 2 em Antena 1.

Porque: ou os homens são cultos e há que esperar certas coisas deles; ou não são e nada se pode esperar. E é o caso, creio. Mas... na época do triunfo dos medíocres, o que se pode esperar?

Desculpe ocupar-lhe o seu tempo.

Cumprimentos.
[...]



Email de protesto enviado por mim:

«A quem de direito na Antena 2:

Basta dessa diarreia de palavras; dessa incontinência verbal permanente; desse desfiar ininterrupto de historietas sem interesse, cheias de banalidades – basta desse atentado anticultural que, salvo raríssimas excepções, se está a perpetrar quotidianamente aos microfones da Antena 2 da RDP.

Queremos música erudita!

Não queremos palavras, palavras, palavras!

Não queremos o lixo palavroso que nos tem sido servido!

Chega! Estamos todos fartos de sofrer com a situação actual da Antena 2.

Manda a mais pequenina réstia de bom senso que quem de direito dê uma varridela profunda na Antena 2 e lhe devolva a dignidade que já teve e que deve continuar a ter.»



Resposta do senhor director-adjunto [Com três chamadas de atenção, da minha responsabilidade, para erros ortográficos contidos no texto]:

«Senhor ouvinte.

Com que direito fala na 1ª pessoa do plural? "Queremos"? "Estamos todos"? Quem o nomeou ou mandatou para se apresentar como representante de todos? Porque se acha no direito de representar todos os ouvintes? Que presunção é essa? Porque não demonstra alguma modéstia e diz antes "quero", ou "estou farto"? Fique sabendo que não pensam "todos" como o senhor.
E mais: fique sabendo que NENHUMA rádio estatal clássica se comporta como rádio gira-discos. TODAS têm locução, ocupando com palavra, em média, cerca de 25% do tempo de antena (dados da UER - União Europeia de Rádios). A Antena 2 tem, ao longo de um dia, em média, 20% da emissão ocupada com locução. As rádios que têm menos tempo de locução são privadas e baseiam-se em play-lists(1), ou seja, são máquinas, e não pessoas, que escolhem a música. O senhor, obviamente, não gosta de ouvir falar porque já sabe tudo o que há para saber, e não precisa de (ou não quer que) ninguém que lhe diga nada. Mas, sendo esse o caso, escolha o senhor a sua própria música. Use CD's. A Antena 2 não se dirige a quem tem a certeza de que sabe tudo e não quer ouvir ninguém a falar. Dirige-se aos outros, que não conhecem tudo, ou pelo menos não têm essa presunção... e têm curiosidade em saber mais.
A Antena 2 feneceu ao longo de anos, com o auditório a envelhecer, tendo a média de idades passado de 45 para 55 anos ao longo de uma década. Isto quer dizer que eram sempre os mesmos a escutar, e que íam(2) envelhecendo, ou até morrendo, sem que a A2 mobilizasse as novas gerações. Os últimos estudos de audiências (ao longo do último semestre) comprovam que o auditório da A2 rejuvenesceu, com a média etária dos ouvintes a passar dos 55, de novo, para os 45 anos, e com tendência para rejuvenescer ainda mais. Significa que o auditório está a mudar, com pessoas mais jovens, algo que o deverá certamente enervar, já que o senhor, claramente, não gosta do nosso tempo. Problema seu. Não queira é impôr(3) o seu parâmetro aos outros, nem ter a pretensão de que representa todos... porque na verdade, simplesmente, só se representa a si próprio.

Passe bem.

João Almeida»

[ (1) Escreve-se playlists e não “play-lists”]
[ (2) Escreve-se iam (sem acento agudo no “i”) e não “íam”]
[ (3) Escreve-se impor (sem acento circunflexo) e não “impôr”]





Contra-resposta minha:

«Senhor João Almeida:

A sua resposta ao meu protesto merece-me a seguinte contra-resposta:

Quem preza a Língua Portuguesa sabe que o uso da primeira pessoa do plural pode ser feito por qualquer sujeito individual quando este pretende retirar a um texto ou fala a carga de arrogância que o uso da primeira pessoa do singular lhes transmitiria. Faça este exercício simples e conclua por si: pegue no texto do meu protesto e substitua o plural pelo singular e veja a diferença. Não que o texto que lhe enviei não continuasse, mesmo assim, a ser arrogante; mas, lendo a sua resposta, se calhar, o senhor mereceria que o tivesse escrito na primeira pessoa do singular.

Mesmo sem "nomeação" ou "mandato" sempre lhe vou dizendo que se estivesse minimamente atento ao que se escreve (nos blogues, por exemplo) admitiria que eu pudesse, falando no plural, como ouvinte, interpelar "quem de direito na Antena 2" (não a si pessoalmente) sobre aquilo que no meu entender (e, pelos vistos, não só no meu) é o mar de palavras sem interesse que hoje afoga a música nessa rádio.

Só lhe vou dar dois exemplos, entre muitos (com sublinhados meus):

Exemplo I

No dia 04-01-2006, Pacheco Pereira escrevia o seguinte no blogue "Abrupto":»

«BOAS COISAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS POR UM GRANDE (EM QUANTIDADE) CONSUMIDOR
...

PÉSSIMAS COISAS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL PORTUGUESA EM 2005, VISTAS PELO MESMO»
...
«A Antena 2 é demasiado loquaz. Muito se fala naquela rádio, num tom entre o pedante e o falsamente íntimo, tirando limpidez à música. »

«Tem aqui o link para confirmar:
http://abrupto.blogspot.com/2006_01_01_abrupto_archive.html
#113640941290714023

Exemplo II

No dia 11-01-2006 Álvaro José Ferreira escrevia o seguinte no blogue "Bem Comum":»
...
«Admito que a Antena 2 precisasse de alguns ajustamentos de modo a torná-la menos temática e mais ecléctica (a exemplo do canal 3 da BBC Radio), mas parece-me que há uma forma mais adequada e eficaz de conquistar novos públicos para o canal do que fazer cedências à facilidade.
...
Talvez com esta grelha a Antena 2 venha a conquistar alguns dos tradicionais ouvintes da Antena 1 que não se revêem na programação musical que vem sendo implementada. É provável que as audiências subam, mas haverá certamente a fuga de alguns melómanos mais exigentes e exclusivistas da música clássica. Talvez os ouvintes que venham a ser conquistados ultrapassem em número os que vão desertar, mas há uma questão que se impõe: não estará a Antena 2 a desempenhar agora uma parte do papel que caberia à Antena 1?»

« Nota: Estando a RTP e a RDP sob a alçada da mesma administração, e tendo a obsessão com as audiências sido abandonada na televisão, não entendo ela estar a ter a sua máxima expressão na rádio. Tal dever-se-á ao facto da rádio ter menos visibilidade e, como tal, ser descurada pelo poder político? Se alguém tiver uma explicação verosímil, faça o favor de ma dar.»

«Tem aqui o link para confirmar:
http://bemcomum.blogspot.com/2006/01/nova-grelha-da-antena-2-entrou-em.html

Como vê, não estou só.

Certamente não ignora que ainda existem tertúlias em Portugal. Pois então digo-lhe que eu frequento tertúlias onde se debate música e onde se tem falado da programação da Antena 2. É um direito dos ouvintes. Por isso sei o que é que pensam muitas outras pessoas sobre a desvirtuação que a programação da Antena 2 tem sofrido no sentido da sua aproximação qualitativa a um baixo patamar cultural. E também por esta razão julgo também poder falar no plural.

Diz-me que estão a fazer isso para captar mais público jovem. Olhe: aconselho-o a ler "Apocalípticos e Integrados", de Umberto Eco, para conhecer a opinião deste ilustre intelectual e linguista de renome internacional, entre outras coisas sobre a transmissão de conhecimentos eruditos ao grande público. Ficará a saber que Eco é de opinião que quando se quer transmitir conteúdo erudito a alguém não se deve transigir na linguagem (que deve sempre ser erudita) pois que, quando esta não é entendida logo à primeira, obriga o destinatário a cultivar-se até que a compreenda e passe, por isso, a ser um pouco mais culto do que era – quer porque passou a compreender essa linguagem, quer ainda porque passou a ter mais conhecimentos veiculados por essa mesma linguagem (conhecimentos só passíveis de serem bem transmitidos se se não fizer «cedências ao facilitismo»).

Mas se a grande preocupação dos gestores da Antena 2 vai continuar a ser a procura desesperada de (qualquer) audiência, então dou-lhe uma receita infalível: transmitam programas desportivos e antenas abertas sobre o desporto; transmitam relatos de futebol com música erudita nos intervalos. Vai ver que conseguirão captar, num instante, uma larguíssima fatia de ouvintes.

Agora permita-me que lhe diga o quão desiludido fiquei com a qualidade da sua resposta.

Fui saber quem o senhor era e disseram-me que é o director-adjunto da Antena 2 (se me informaram mal peço desculpas).

Então, senhor director-adjunto, é assim, desse modo ligeiro, pesporrente e auto-suficiente, que se permite, no exercício do seu cargo, dirigir-se a um ouvinte anónimo que faz um protesto (indignado embora) contra uma rádio que considera palavrosa e pouco culta? (Rádio que fora, até há pouco tempo, na opinião desse ouvinte, de muito melhor qualidade).

É assim que se responde?

Eu não me dirigi a si pessoalmente. Eu dirigi-me a "quem de direito na Antena 2". Que esse "quem de direito" seja o senhor, muito bem! Mas quando me responde de forma pessoal, sem se identificar do ponto de vista profissional, nos termos ligeiros e pouco dignos em que o faz, desqualifica-se profissionalmente (é a minha opinião) e dá uma péssima imagem da cúpula que hoje dirige a Antena 2.

Não sei se o Conselho de Administração da RDP ficaria contente em conhecer o texto integral do meu protesto e o da sua resposta.

Creio que, no mínimo, ficaria desapontado. Consigo, senhor director-adjunto.

Não sei se quer fazer essa experiência. Quer? É uma hipótese a considerar.

Vá por mim, senhor director-adjunto: quando ocupamos cargos de chefia, ainda por cima ao nível de director ou de director-adjunto, devemos ter estofo suficiente para engolir certos sapos e continuar a dar uma imagem polida do cargo, mesmo quando somos atingidos por aquilo que consideramos injusto (e, em certos casos, até, ofensivo). Devemos alardear superioridade moral (de preferência devemos tê-la efectivamente). Não devemos perder a cabeça e desatar à pancada com cada protestante. É que o senhor é pago também para ser polido e educado

Poderá dizer-me que eu não tenho o direito de fazer o protesto nos termos em que o fiz. Até posso concordar consigo neste aspecto e pedir desculpas. Mas eu sou apenas um simples e anónimo ouvinte e contribuinte fiscal com algum direito à indignação quando acho que esse bem público que é a Antena 2 está a morrer no seu propósito de veicular adequadamente música erudita (ou isso já não faz parte dos estatutos dessa rádio?). Mas ao senhor, no cargo que ocupa, está-lhe vedado, deontologicamente, ser malcriado. É que, sendo-o, mancha logo o nome da Antena 2; e o da RDP. Ou será que isso não interessa?!

Para terminar quero ainda dizer-lhe que continuarei a lutar para a melhoria substancial da qualidade da programação da Antena 2, e por uma maior dignificação dessa rádio. Não ficarei pelo protesto que enviei a "quem de direito". Se for preciso chegar mais longe, tentarei consegui-lo. Porque a Antena 2 não é de ninguém em particular. É de todos.

Passe também muito bem.»