Isto é mesmo tramado!
Na maioria das vezes é a cultura portuguesa, o
modo de estar e de viver, a filosofia de vida do português que provoca a dificuldade relacional e a
infelicidade entre as pessoas ― sobretudo entre ‘casais’ (de namorados ou o
que o valha). E isso por um motivo fundamental, entre outros menos importantes: porque
queremos tudo investigar, tudo escalpelizar, tudo desnudar, tudo conhecer de
documento passado e autenticado e acompanhado de certificado de registo ‘criminal’
(muitas vezes interessando apenas o ‘registo criminal amoroso’).
É óbvio! é
mais que óbvio que à partida uma relação assim submetida a regras de vigilância
e inteligência tão apertadas e invasivas, está condenada ao fracasso.
― Não devíamos
sequer importar com o Bilhete de Identidade do outro, quanto mais com todas as
minudências exigidas no cardápio cultural português de relacionamento entre ‘parelhas’
(salvo seja ― isto é o Inglês a deformar o Português).
Sabe-se de há
mais de um milénio que a sedução, coisa importantíssima para o bem-estar e para o
prolongar da chama da paixão e dos requebros gozosos da alma, é o cimento fundamental
de uma relação a dois.
Ora a sedução
não é mais do que o resultado emocional da existência da curiosidade em
desvendar o íntimo (mesmo o secreto) do outro. Se e uma vez desvendados, a sedução
desaparece ― como é lógico! ― e deixa de ter razão de existir porque já não há
mais segredos, mais pormenores do outro a desvendar; não há mais alimento para
a sedução. É nessa altura que normalmente começam os problemas de relacionamento
entre ‘parelhas’ e o esboroar da relação a dois.
Mas vai lá um
indivíduo convencer os portugueses a agirem de modo diferente!...
Agir de modo
diferente é algo que não se aprende com explicador: ou está embebido na cultura
de um povo... ou então... chapéu!
É sabido e
está mais que provado que a barreira linguística entre membros de um ‘casal’,
por dificultar a pesquisa e impedir a devassa do íntimo do outro, faz com que o
relacionamento se prolongue equilibradamente por períodos de tempo muitíssimo
mais longos do que estão habituados os portugueses: mesmo quando um dos membros
do ‘casal’ é português;
Donde se
conclui que...